Não chores, por favor!
Ao contrário do que é normal, neste Natal tive de recorrer muitas vezes a centros comerciais. Quando falo muitas vezes, refiro-me a 3 idas, em 3 dias seguidos. Ninguém merece.
Devido a questões de logística, agendas familiares, compromissos socias, etc, etc, fui literalmente obrigada a frequentar grandes centros comerciais em hora de loucura total, e sempre em contra relógio. A mistura perfeita para uma azia total.
Eu, pior do que as crianças, observo tudo e todos. ADORO! Ao contrário do que tento ensinar aos meus filhos, sou uma verdadeira antropóloga shoppinguiana ( acabei de inventar a palavra). Quer no hipermercado, na fila para pagar, quer na loja, onde estão 45802938 de pessoas à frente do produto que quero comprar, quer na fila para embrulhar presentes, tento perceber o que vai na alma das pessoas que observo.
Mas houve uma fila que me interessou bastante: aquela em que estive 40 minutos com os meus filhos para tirar uma foto com o Pai Natal. Nesses 40 minutos, devo ter sido várias vezes espancada em pensamento.
Primeiro : as crianças iam todas vestidas a rigor, com lindos vestidos de xadrez, calções de tirolês, blusas com folhos e laços de embrulho na cabeça. Os meus amores, que me acompanham para todo lado, iam com a sua calça de ganga ligeiramente desbotada nos joelhos e com os seus blusões à prova de tudo e de todos.
Segundo: havia um jogo interativo, onde as crianças, repito, as crianças, com gestos, tinham de colocar as prendas dentro do trenó do Pai Natal. Achei o máximo, e mesmo com um cansaço atroz, confiei que tinha a capacidade e discernimento para jogar. Achei mal. Num dos meus gestos, acabei por dar uma cotovelada a uma das mães que estava ao meu lado.
Terceiro: havia uma mãe, que deve ter penteado a filha, de mais ou menos 4 anos, umas 10 vezes até ter chegado ao Pai Natal. Durante a espera, a menina foi arranjada, vezes sem conta. Depois a conversa de : “olha que lindo, filha: os duendes” ou “ Olha a neve, filha…” ou, simplesmente, num tom meio verdadeiro, meio falso – por estar ali há imenso tempo – “ está quase , filha, vamos ver o Pai Natal”.
Bem, os penteados, os arranjos da roupa, as frases motivadoras e carinhosas de mãe, acabou com a menina aos berros, a arrastar os pés , com um pavor tremendo ao Pai Natal, sem a mínima vontade de tirar fotografias. Mas o mais giro foi o desespero da mãe, após mais ou menos 40 minutos de fila, a tentar convencer a menina a não chorar. A ela juntou-se o Pai Natal, as fotógrafas vestidas de duendes e as meninas da casa do Pai Natal. Entenda-se “meninas da casa do Pai Natal” como as funcionárias que estavam responsáveis pela vigia da dita casa.
Querem, portanto, saber se esta mãe – com as devidas ajudas - conseguiu? Incrivelmente, conseguiu. Conseguiu obrigar a miúda a parar de chorar, a limpar as lágrimas, a sentá-la no colo de alguém que ela temia, e ainda fazer um sorriso para a foto. CLAP CLAP CLAP ! Sim, senhora.
Malta, espero que tenham passado um mega Natal e que tenham conseguido a paz que esta época, naturalmente propicia.
Continuação de boas festas e tudo de bom para vocês.
Beijinhos.